ele passa dias à fio na espera de algo novo. a luz do sol vai se ofuscando, dá espaço ao mistério de cada noite. e ele a espreitar cada movimento de luz, de sombra, cada barulho de folha seca na ignomínia esperança de estar sendo perseguido.
encara o espelho: as imperfeições sempre fazem questão de se exporem mais que as qualidades. e fica à mercê de si, portanto inseguro se olhando nos olhos sem que consiga ver qualquer coisa além da cor marrom da íris. não consegue penetrar no próprio olhar.
mexe o corpo vertiginoso hora sem consciência e hora em súbita sã consciência pra lembrá-lo de suas ações. ignora.
quando se entrega ao infável, ao impossível e ao incerto toma goles longos de felicidade efêmera.
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3 comentários:
Pedro,
É sempre bom ler seus textos pela transparência e profundidade deles. Adorei a frase "a luz do sol vai se ofuscando, dá espaço ao mistério de cada noite". Ah, como é bom quando a noite tem um mistério, uma boa surpresa. Nem sempre tem. Ás vezes é noite, só, escura.
Ah, e diante do espelho sempre são as "imperfeições" que se sobressaem quando o superego está ligado em 220 V. Acontece sempre!
Grande abraço.
O Pedro Paulo tem sempre uma forma sua e original de tratar temas já muito falados. É minha modesta opinião, de que se o Pedro nunca cair em facilitismos e mantiver o rigor poético (isso que aos poucos se vai descobrindo o que é), poderá vir a escrever grandes poemas, tanto mais que julgo ainda ser novo. Enfim, não resisti e coloquei este seu poema no meu blogue. Digo isto agora porque já antes colocara lá dois e parece-me que o Pedro não deu por isso.
Abraços
António
Oi, Pedro,
Estava ensaiando para entrar aqui há um tempão. Achei esse seu texto lá nA casa que caminha. Muito bom. Pensei que terminaria mal, estou sob influência de Veronica Stigger, conhece? Pois é, mas até que não doeu muito... ao menos ele bebeu alguns goles, é assim mesmo, não é? Aos goles, quando não são gotas.Vou ler outros textos.
Abração.
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