terça-feira, 29 de junho de 2010

quem sou eu nem eu sei

desconfiança de si
camuflar-se
esconder-se
ser outro
ser si
ser só
ser grande
mania de ser
que de tanto querer ser acaba sendo nada
de ser grande vira pequeno
e de ser outro vira si.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

lá e cá

lá me parece ser bem mais seguro que cá
lá é úmido cá é seco
lá é verde cá é pálido
lá há flores e cá há espinhos

atravesso


agora aqui
o verde também seca
as flores também murcham
e o solo também quebra

domingo, 6 de junho de 2010

sem título

ele passa dias à fio na espera de algo novo. a luz do sol vai se ofuscando, dá espaço ao mistério de cada noite. e ele a espreitar cada movimento de luz, de sombra, cada barulho de folha seca na ignomínia esperança de estar sendo perseguido.
encara o espelho: as imperfeições sempre fazem questão de se exporem mais que as qualidades. e fica à mercê de si, portanto inseguro se olhando nos olhos sem que consiga ver qualquer coisa além da cor marrom da íris. não consegue penetrar no próprio olhar.
mexe o corpo vertiginoso hora sem consciência e hora em súbita sã consciência pra lembrá-lo de suas ações. ignora.
quando se entrega ao infável, ao impossível e ao incerto toma goles longos de felicidade efêmera.